Vila Franca do Campo

Vila Franca do Campo era, em finais do século XV a maior vila e concelho da ilha de São Miguel, sendo vulgarmente indicada como a primeira capital da ilha. Dotada de alfândega, até 1518, e ancoradouro, que acolheu embarcações durante séculos, era palco da entrada e saída de pessoas e bens de um novo mundo em expansão. Porém, em 1522, um trágico terramoto culminou na quase total destruição desta vila, fazendo desaparecer muita documentação da época e deixando apenas alguns vestígios que a arqueologia tem procurado recuperar.

De facto, os resultados de intervenções arqueológicas indicam a presença de produções de cerâmica local, apenas em contextos a partir da segunda metade do século XVI, sendo o espólio cerâmico de cronologias anteriores correspondente a importações do reino português e de outros, que cruzavam o Atlântico.

É ainda no século XVI, que surgem algumas referências à Rua dos Oleiros, na zona baixa da antiga vila, mas foi na freguesia de São Pedro, na zona denominada por “vila nova”, mais de um século depois, que a fixação de oleiros e das suas tendas atingiu o seu expoente máximo. As produções de cerâmica local incidem tradicionalmente na loiça utilitária, indispensável no dia a dia da população. São inúmeras as formas e tipologias de peças de cozinha, de mesa, de higiene, ou armazenamento de líquidos e alimentos, bem como para a construção e outras utilidades.

O barro era extraído na ilha de Santa Maria e chegava a Vila Franca por barco, onde era descarregado e distribuído pelos oleiros, que o armazenavam em barreiros nas suas tendas e o usavam mediante necessidade. O trabalho na roda, era realizado por homens, as mulheres habitualmente ajudavam na limpeza das peças antes de secarem e serem cozidas. As peças eram vendidas por carreteiros por toda a ilha e/ou diretamente pelo oleiro.

O método de produção tradicional manteve-se ao longo de 3 séculos, revelando-se uma atividade económica com expressão e característica desta vila, com cerca de 22 olarias registadas no início do século XX. Entretanto, com o aparecimento de utensílios fabricados noutros materiais mais vulgares e resistentes como o plástico e o alumínio, a atividade foi diminuindo e quase desapareceu.

Atendendo à pertinência desta atividade e ao significado que tem, como património material e imaterial para a vila, foram adquiridas e recuperadas, pelo Município de Vila Franca do Campo e pela Junta de Freguesia de São Pedro, 3 olarias tradicionais e um forno, com o intuito de salvaguardar, preservar e valorizar um roteiro das olarias. Contudo, o objetivo do município não passa apenas pela recuperação dos espaços, mas também, da própria atividade, através da formação de novos oleiros e da disseminação deste património, promovendo ações de mediação cultural, visitas guiadas e musealização.

Deste modo, num plano estratégico de dinâmicas sociais e económicas, considera-se fundamental a adesão à Associação Portuguesa das Cidades e Vilas de Cerâmica para a partilha de experiências e boas práticas em atividades colaborativas e de fruição cultural.

PR-Ricardo_Rodrigues

Ricardo Rodrigues

Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo

Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo

Fundada no século XV, Vila Franca do Campo é um concelho da ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores.

A produção oleira tem registos desde o final do século XVI, tendo esta vila sido o principal produtor de louça utilitária da ilha. Ao longo de 300 anos esta atividade de impacto económico e social foi elo de ligação a outras comunidades na ilha e fora dela, tanto pela entrada de matéria-prima vinda por mar, como pela venda e distribuição da louça por toda a ilha e arquipélago. A arte de trabalhar o barro transmitiu-se de geração em geração fazendo parte da identidade das gentes locais até aos dias de hoje.

Assim, reconhecendo a importância desta atividade e o seu significado enquanto património cultural material e imaterial, o Município de Vila Franca do Campo procedeu à recuperação, preservação e conservação dos últimos espaços de olaria existentes na freguesia de São Pedro, culminando no Roteiro das Olarias.

Assumimos a responsabilidade de dinamizar e valorizar estes espaços de memória, cientes da necessidade de projetar a continuidade desta arte no futuro, pela inovação e formação, pelo que, consideramos fundamental a adesão do nosso município à Associação Portuguesa das Cidades e Vilas de Cerâmica para a criação de sinergias e partilha de boas práticas em atividades conjuntas e/ou colaborativas, de forma a consolidarmos estas ações ao nível nacional e internacional.

Ricardo Rodrigues
Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo

REPRESENTANTES DA APTCVC

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Vice-Presidente Graça Melo, CM de Vila Franca do Campo