VIANA DO ALENTEJO

A transtagana vila de Viana do Alentejo assenta na passagem do conhecimento geracional do trabalho do barro uma das linhas da sua identidade cultural e artística. Do “barro verde” da Herdade dos Baiões ao alguidar de bordo saliente, a herança cultural de Viana do Alentejo tem a feição das formas utilitárias e as cores da modernidade: numa produção centrada nas peças de uso quotidiano encontramos uma decoração com fortes reminiscências no ensino da antiga escola de olaria Médico de Sousa, onde o traço geométrico e o Alentejo figurativo dos cenários do campo e do património local constituem registo de memória para todas as gerações.

Com forte evidências a nível do espólio cerâmico encontrado nas imediações do Santuário de Nossa Senhora d’Aires e no Monte da Romeira, as presenças romana e árabe em Viana do Alentejo são atestadas pelos trabalhos arqueológicos de nomes como Leite de Vasconcelos, Félix Alves e José Oliveira Caeiro.

Já no período medieval, D. Dinis resgata para a Coroa a Herdade de Foxem, doada a D. Gil Martins Riba de Vizela por D. Afonso III, o mesmo que em 1255 concede ao oleiros locais autorização para a extração de barro na herdade dos Baiões.

Ao povoamento foi atribuído carta de foral em 1313, juntamente com autorização para erigir fortificação. Já em 1481, Viana do Alentejo viria a receber o encerramento das cortes.

Guiado por um ideal de progresso social e desenvolvimento económico, António Isidoro de Sousa, líder do movimento municipalista que em 1898 viria a restaurar o concelho de Viana do Alentejo, implementa dois projetos pioneiros no Portugal oitocentista: a União Vinícola e oleícola do Sul (UVOS) em 1892, primeira adega cooperativa de Portugal, e em 1893 a Escola de Olaria Médico de Sousa, primeira escola industrial de cerâmica do país.

Esta escola-oficina viria a constituir um verdadeiro polo cultural para o Portugal dos anos 50/60 do século XX: as reformas implementadas por Aníbal Alcino, com base no trabalho desenvolvido por Júlio Resende, e os resultados do seu plano pedagógico (ex: Menção Honrosa Coletiva – I Exposição de Cerâmica Nacional) iriam atrair figuras como Júlio Reis Pereira, António Charrua e Vergílio Ferreira.

Luís Miguel Duarte

Luís Miguel Duarte

Presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo

Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo

A olaria tradicional de Viana do Alentejo encerra nos pergaminhos das formas utilitárias do barro e no trabalho manual executado na roda o amadurecimento de várias gerações de oleiros, chegando aos nossos dias, não somente como parte da narrativa local, mas como um dos principais interlocutores da cerâmica regional e nacional, ou não tivesse sido a antiga Escola-Oficina Médico de Sousa a primeira escola de cerâmica industrial do país, onde lecionaram nomes como Júlio Resende, Aníbal Alcino e Armando Correia, bem como Francisco Lagarto, uma das grandes referências do panorama cerâmico vianense.

Pela herança das formas utilitárias, pela eloquente paleta cromática e portfólio decorativo que deambula entre o figurado naïf e a geometria do traço, a olaria e a cerâmica vianenses constituem esteios da herança patrimonial da vila que, encostada sobranceiramente à serra do mesmo nome, se fez oleira pela tradição geracional do barro, e cerâmica pela labareda artística da alma vianense.

Luís Miguel Duarte
Presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo

Representantes da APTCVC

Paula Marise Bamond das Neves_Viana do Alentejo

Vice-Presidente Paula Marise Bamond das Neves, CM de Viana do Alentejo

Secretária da Direção