SOENGA DE HOMENAGEM A ANTÓNIO QUADROS NO 31º TOM DE FESTA EM MOLELOS – FESTIVAL DE MÚSICAS DO MUNDO ACERT
A ACERT e o Município de Tondela com a Associação Portuguesa de Cidades e Vilas Cerâmicas (AptCVC), sediada nas Caldas da Rainha, cumpriu o desafio de uma homenagem a António Quadros, multifacetado intelectual com origem em Santiago de Besteiros, que em julho de 2023 completaria 90 anos de idade. São conhecidas as ligações deste autor à cerâmica portuguesa, nomeadamente à SECLA e também pelo facto de ter sido o responsável pela descoberta e divulgação da obra de Rosa Ramalho.
Ligando os ceramistas com origem nas cidades integrantes da AptCVC propôs-se que ceramistas de todo o país produzissem peças “inspiradas” em António Quadros cozidas numa ceramistas de Molelos abriu-se o Tom de Festa 2023. O resultado desta Soenga é a exposição “António Quadros – Artes de um Andarilho – Tributo de Ceramistas” patente no Tom de Festa de 13 a 15 de julho de 2023, seguindo depois para o Museu Terra de Besteiros em Tondela e a seguir percorrerá o país. Os participantes das Caldas da Rainha foram a dupla Ana + Betânia, com atelier no Bairro da Ponte e que tem uma carreira vasta de escultura cerâmica e que realizaram corações negros da redução da soenga para simbolizar as dimensões importantes da vida de António Quadros, que foi pintor, escritor e poeta.
Ceramistas participantes:
Alberto Azevedo * Alcino Pedrosa * Ana + Betânia * Ana Lousada * António Marques * António Ramalho * Carlos Lima * Carlos Neto * Cátia Pires * Céu Pedrosa * Cristina Vilarinho * Flávia de Lira * Helena Garcia * João Gomes * João Lourenço * José Machado Pires * Juliana Leitão Marcondes * Kerstin Thomas * Marcos Muthewuye * Marta Amaro * Oficinas da Cerâmica e da Terra * RitaGT * Sara de Mendonça * Sara Teixeira * Tânia Ló * Tiago Margaça ª Tó Duarte * Vasco Baltazar * Xana Monteiro * Zita Rosa
Localizada junto à cidade de Tondela, a freguesia de Molelos é caracterizada por uma antiga actividade artesanal, a louça de barro negro. Das práticas ancestrais sobressai, pelo seu método arcaico, o processo tradicional de cozedura em soenga, a colocação da loiça numa cova pouco funda cavada no solo. Após ser coberta parcialmente com lenha de pinheiro e tapada com torrões de terra, era ateado o fogo, deixando-se cozer sob o olhar atento do artesão. A característica da cor negra do barro explica-se pela cozedura de tipo redutor, que consiste em abafar com terra a louça na fase final da cozedura, impedindo a entrada de oxigénio. Devido a processos físicos e químicos, a louça torna-se completamente negra e, em parte, impermeabilizada. Actualmente, nas olarias de molelos, são utilizados fornos a lenha, por serem mais práticos e funcionais. A qualidade e plasticidade do barro usado estimularam presentemente a criatividade dos oleiros da freguesia, surgindo assim peças decorativas muito originais, presentes nos lares de muitas famílias portuguesas e também no estrangeiro.