APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e Cristalaria
Cerâmica Portuguesa – Tradição e Modernidade
A partir de Dezembro de 1996, a indústria de cerâmica portuguesa passou a ser representada pela APICER, sendo que até aí essa representação estava repartida por três associações que acordaram entre si um processo de fusão.
Entretanto e a partir de 2013, passou a representar também o setor da cristalaria, pelo que a APICER é hoje a única associação setorial nacional das indústrias de cristalaria e de cerâmica nos seus vários subsetores: cerâmica utilitária e decorativa (porcelana, faiança e grés), pavimentos e revestimentos cerâmicos, louça sanitária, cerâmica estrutural (telhas, tijolos e abobadilhas), cerâmicas especiais, refratários e outros.
Por sua vez, e se a APICER assegura a representação institucional, o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV), ambas com sede em Coimbra, e o Centro de Formação para a Indústria de Cerâmica (CENCAL), com sede nas Caldas da Rainha, repartem a sua intervenção nas áreas mais Tecnológicas e da Formação Profissional.
A cerâmica portuguesa assenta a sua vitalidade numa base muito forte de conhecimento destas indústrias, apoiado numa longa tradição de saber fazer e saber moldar a matéria-prima que existe no nosso País em quantidade e qualidade, com a qual se recriaram muitos artesãos que ainda hoje existem para dar forma e expressão às peças que se identificam com a cultura portuguesa, e que constituem um valioso património preservado em vários museus e muitas casas particulares que marcam gerações.
Digamos que esta vertente mais tradicional da cerâmica portuguesa existe um pouco por todo o País.
No entanto, e sendo esta a raiz da nossa cerâmica, a cerâmica portuguesa não é já hoje só esta tradição e esta cultura trabalhada com engenho e arte, mas sim uma indústria moderna, tecnologicamente muito desenvolvida e fortemente competitiva em todos os mercados nos cinco continentes, aos quais faz chegar produtos que se destacam pela sua inovação, design e multifuncionalidade.
Esta vertente mais industrial da cerâmica portuguesa está situada fundamentalmente na zona centro do País, entre os distritos de Leiria e Aveiro.
Assim se justifica que Portugal seja hoje o primeiro produtor europeu de louça em faiança e grés e o segundo a nível mundial, ocupando também os primeiros lugares nos outros ramos da cerâmica que o mundo conhece e identifica como cerâmica portuguesa.
Os grandes desafios que se colocam hoje à indústria de cerâmica, e que por isso constituem prioridades para uma intervenção mais estratégica da APICER, têm a ver com a Sustentabilidade Ambiental, Social e Económica, a Energia, Comunicação/Marketing, Qualificação dos Recursos Humanos, Mercados, e Promoção da Cooperação Interempresarial e Intersetorial.
Compreender-se-á melhor a seleção de temas que identificamos como mais estratégicos, se tivermos em consideração que o destino de 60% dos produtos fabricados nas empresas portuguesas se destina ao mercado externo, percentagem esta que em alguns casos chega mesmo a andar perto dos 100%, pelo que teremos de mostrar e por vezes de demonstrar o que fazemos, como fazemos, e as respostas que damos no âmbito da responsabilidade social.
Nomeadamente ao nível do cumprimento dos compromissos ambientais, a indústria de cerâmica tem sido fustigada com a exigência de mais e cada vez mais requisitos, aos quais vimos respondendo apesar de algum evidente exagero a que ficamos sujeitos, sobretudo a coberto do elevado peso dos consumos energéticos.
Porém e mesmo em relação a estes, tem sido muito relevante o esforço que tem vindo a ser feito na área da eficiência energética, com os consequentes investimentos em soluções de economia de energia, e de acesso a energias renováveis.
Porém e como não basta fazer bem mas também mostrar que fazemos bem, torna-se necessário comunicar a mais-valia do que produzimos e das garantias que damos, de modo a que possamos provocar o interesse dos prescritores e dos consumidores em geral, seja na construção, na decoração ou na moda.
As redes sociais são um bom veículo para esse efeito, como é importante a participação de muitas empresas nos certames internacionais de referência, nos quais aparecemos com a imagem de modernidade e inovação que importa realçar.
O mundo conhece-nos por isso e conhece as nossas marcas, razão pela qual encontramos produtos portugueses nas obras de arquitetura mais emblemáticas, quer para melhorar o aspeto decorativo, quer para garantir melhor funcionalidade no seu uso, servindo o cliente concreto com um produto específico, e tirando partido da grande flexibilidade das nossas empresas em produzir pequenas séries para grandes mercados.
Mas conheça-nos melhor em apicer.pt e acompanhe as nossas publicações em formato digital na plataforma ISSUU.
CENCAL - Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica
O CENCAL – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, foi criado em Dezembro de 1981, sendo uma conhecida instituição de formação e de apoio técnico-pedagógico, sediada nas Caldas da Rainha, vocacionada para o sector da indústria cerâmica portuguesa, e mais recentemente também para o vidro.
Em 2008 o CENCAL criou uma delegação em Alcobaça para melhor apoiar as empresas cerâmicas daquele concelho e desenvolver atividades de formação noutras áreas.
Em 2011 por decisão governamental, o CENCAL alargou a sua ação ao sector do vidro, com a integração das instalações dum centro de formação daquele sector que funcionava na Marinha Grande.
O CENCAL é titulado pelo IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, pela APICER – Associação Portuguesa da Indústria Cerâmica e da Cristalaria e pela AIRO – Associação Empresarial da Região do Oeste.
O CENCAL recebeu em 2007 a Medalha de Honra do concelho das Caldas da Rainha atribuída pela Câmara e Assembleia Municipal.
Entre 1986 e 2001 organizou cursos de Iniciação ao Design Cerâmico no âmbito dos Concursos Jovem Designer organizados pelo ICEP, inicialmente com a colaboração exclusiva do CENCAL e que depois se alargou progressivamente a grande número de Centros de Formação e de empresas. Estas ações eram destinadas nos primeiros concursos a alunos de design da ESBAL, tendo sido depois também alargadas a todas as escolas de design do país e nalguns anos do estrangeiro.
Anualmente eram convidados designers estrangeiros consagrados para apresentarem propostas para serem desenvolvidas pelos alunos de design que depois eram desenvolvidas durante um mês em cada centro de formação aderente. No final os alunos eram distinguidos com os prémios (visitas de estudo ao país alvo do concurso) atribuídos pelo ICEP, por empresas ou por fundações culturais (Gulbenkian e FLAD).
Os designers convidados ao longo dos anos foram:
1986 Isabel Tapia (Espanha)
1987 James Kirkwood (Reino Unido)
1988 Mariane Stockholm (Dinamarca)
1989 Lorenzo Porcelli (Estados Unidos)
1990 Ambrogio Pozzi (Itália)
1991 Tassilo von Grolman (Alemanha)
1992 Peter Weeler (Reino Unido)
1993 Tapio Yli Viikari (Finlândia)
1994 Ambrogio Pozzi (Itália)
1995 Isao Hosoe (Japão)
1996 Ingeregerd Råman (Suécia)
1997 Jorge Pensi (Espanha)
1998 Tapio Yli Viikari (Finlândia)
1999 Concurso Jovem Designer Especial realizado com os vencedores dos anos anteriores – integrado na exposição “EXPERIMENTA” (Barcelona)
2000 Ron Arad (Reino Unido)
2001 Isao Hosoe (Japão)
2002 Prof. Valentinitsch (Áustria)
Entre 1986 e 2010 foram organizados workshops ou atividades com a participação de ceramistas, técnicos e outros especialistas nacionais ou estrangeiros, direta ou indiretamente organizadas pelo CENCAL. Assim durante a sua existência o Centro contou com a colaboração de Alberto Faria Frasco, Ferreira da Silva, Armando Correia, Arlindo Fagundes, Manuel Cargaleiro, Martins Correia, Sá Nogueira, Dimas Macedo, Eduardo Constantino, António Pascoal, Figueiredo, António Antunes, Augusto Cid, Zé d´Almeida, José Hipólito, Fernando Relvas, Sena da Silva, Arnold Zimerman, Jorge Pacheco, Rafael Salinas Calado, Eduardo Nery, José Nobre, Mário Ferreira da Silva, José Meco, Cecília de Sousa, António Cardoso, Xoan Viqueira (Espanha), Francis Behets (Bélgica), Pompeo Pianezzola, Nino Caruso e Ambroggio Pozzi(Itália), Haberling (Suiça), Genya Sonobe, Yuji Terashima e Koji Konde (Japão), Enrique Mestre (Espanha), Ivan Jandric (Jugoslávia) que tiveram um papel interessante na actividade do Centro.
Na exposição, designada “CENCAL – 25 anos”, realizada em 2006, reuniram-se peças de ceramistas, designers e artistas de várias proveniências como Ambroggio Pozzi, Ana Sobral, António Antunes, José Figueiredo, Arlindo Fagundes, Armando Correia, Arnaldo Rebelo, Armindo Reis, Augusto Cid, Carlos Afonso, Carlos Enxuto, Dulce Fernandes, Cristiana Marques, Eduardo Constantino, Elsa Rebelo, Emídio Galassi, Ferreira da Silva, Fernanda Caldas, Francis Behets, Francisco Furriel, Genya Sonobe, Herculano Helias, Ilda Marques, Isabel Barreto, Ivan Jandrick, Jeroen Bechtold, Jesus Sheriff, João Batista Queirós, João Reis, Joaquim José Vinhais, Joca, Jorge Brigída, José Eduardo Santos, José Nobre, Koji Kondo, Leonel Telo, Luís Louro, Manuel Cargaleiro, Martins Correia, Mário Sousa, Mirta Morigi, Nadine Gueniou, Paulo Óscar, Pedro Pacheco, Ponte e Sousa, Teresa Lima, Vera Brás, Virgílio Peixe, Xohan Viqueira, Yuji Terashima, Zaida Caramelo, Zé Almeida, entre outros.
Ao longo dos seus quase 40 anos o CENCAL tem-se afirmado, quer em Portugal quer a nível internacional, como um Centro de Formação renovador, impulsionador e de vanguarda na área da cerâmica. Possui por esta razão um vasto e interessante espólio de objetos cerâmicos, resultantes da realização de ações de formação e de workshops com mestres de cerâmica convidados, visitas de ceramistas e outros artistas plásticos, assim como de projetos e atividades que tem integrado.
conheça-nos melhor em cencal.pt
CEPAE - Centro do Património da Estremadura
O CEPAE – Centro do Património da Estremadura é uma Associação privada, sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1993, fruto da necessidade de conjugar esforços para maior e melhor preservação do Património Cultural e Ambiental. É constituída por diversas entidades e pessoas da Região e a sua área de intervenção abrange os concelhos do Distrito de Leiria e ainda do Concelho de Ourém.
Os Estatutos foram publicados no D.R. n.º 267/94 de 18 de novembro e no D.R. n.º 44/98 de 21 de fevereiro – alteração de estatutos e denominação.
Foi reconhecido como Pessoa Coletiva de Utilidade Pública por Despacho de 25 de fevereiro de 200 – Declaração n.º 84/2000 no D.R.n.º 64 de 16 de março.
Principais objetivos
– Contribuir para a defesa e valorização do Património Cultural e Ambiental da Região da Estremadura.
– Desencadear ações de sensibilização junto dos jovens e população em geral, quanto às questões patrimoniais.
– Cooperar com outras instituições regionais e nacionais em diversos domínios relacionados com o património e na dinamização de eventos de carácter cultural e ambiental.
– Reunir informações necessárias sobre o património da região, promover a sua divulgação e apoiar a investigação no âmbito da recuperação e conservação do Património.
CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro
O CTCV é uma entidade do Sistema Científico e Tecnológico (SCT), reconhecida como Centro de Interface Tecnológico (CIT), no âmbito do Programa Interface. Certificado pela CERTIF, segundo a NP EN ISO 9001, os seus laboratórios são acreditados pelo IPAC de acordo com a norma NP EN ISO/IEC 17025, para a realização de análises e ensaios técnicos, em particular os orientados para a análise das características dos materiais, demonstração da qualidade dos produtos industriais, investigação, intercomparação, que garantem os requisitos de conformidade e critérios de desempenho e qualidade dos produtos de construção, antes da sua colocação no mercado.
O CTCV encontra-se sediado em Coimbra, com dois polos de funcionamento distintos, mais propriamente em Loreto (Sede) e em Antanhol (Edifício Materials.Habitat e Edifício Solar.Nano). Conta atualmente com 60 colaboradores, dos quais mais de 70 % têm formação superior e 4 com o grau académico de Doutor. Dispõe de 5 laboratórios (produtos, materiais, ambiente, segurança, energia) com mais de 300 ensaios acreditados, realizando anualmente mais de 15000 ensaios para mais de 500 clientes por ano. Participou em mais de 60 projetos de I&D nos últimos 10 anos, envolvendo cerca de 100 parceiros nacionais e internacionais.
Saiba mais em: ctcv.pt
DEMaC - Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica
O Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica – DEMaC (ua.pt/pt/demac) sucedeu em 2012 ao Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, criado aquando da fundação da Universidade de Aveiro em meados dos anos 70 do século anterior.
Faz parte da missão do DEMaC:
- desenvolver investigação de ponta com reconhecimento internacional na área científica de Ciência e Engenharia de Materiais;
- sustentar uma formação atualizada de excelência aos seus alunos;
- transferir conhecimento para a indústria nacional apoiando o seu esforço de competitividade no espaço global
No DEMaC estudam aproximadamente 440 alunos, nos ciclos de estudo de:
- Engenharia de Materiais (licenciatura e mestrado);
- Engenharia Aeroespacial (licenciatura)
- Biomateriais e Dispositivos Biomédicos (mestrado);
- Manufatura Aditiva (mestrado);
- Engenharia da Soldadura (mestrado);
- Programa doutoral em Ciência e Engenharia de Materiais
- Curso de Especialização em Tecnologia Cerâmica
- Microcredencial em Técnicas Avançadas de Caracterização de Materiais
- Microcredencial em Técnicas & Design para a Manufatura Aditiva
- Microcredencial em Tecnologias e Recursos Bioplásticos
O esforço de investigação e desenvolvimento (I&D desenvolvido no DEMaC passa pela síntese, estudo de propriedades e aplicações de materiais diversos (ex.: nanomateriais, compósitos, revestimentos funcionais, biomateriais, cerâmicos técnicos e tradicionais) aplicados em áreas estratégicas e emergentes como a energia, a biomedicina, indústria 4.0, soluções de economia circular, entre outras. A atividade de I&D está integrada no Instituto de Materiais de Aveiro – CICECO (ciceco.ua.pt), do qual todos os docentes e investigadores afetos ao DEMaC são membros.
A cooperação com as empresas é outra vertente com grande relevância no DEMaC. Existem mais de 50 protocolos com empresas que têm vindo a enquadrar atividades diversas tais como a realização de estágios curriculares de final de curso, prestações de serviços de âmbito laboratorial e projetos colaborativos financiados diretamente pelas empresas ou com o apoio dos programas operacionais do Portugal 2020.
ESAD.CR - Escola de Artes e Design das Caldas da Rainha
A ESAD.CR abre-te o mundo.
A Escola de Artes e Design das Caldas da Rainha – Politécnica de Leiria, é uma instituição de ensino e investigação com amplo reconhecimento internacional e nacional. Fundada em 1990, da necessidade de formar designers e artistas para a indústria cerâmica regional e nacional.
A ESAD.CR está localizada nas Caldas da Rainha, uma cidade na costa atlântica central de Portugal, perto de Lisboa. Uma região de grande desenvolvimento económico e cultural, com uma tradição histórica de bem-estar. Possui acesso privilegiado a todo o país. É também uma cidade das artes – as Caldas da Rainha têm um ambiente criativo, próspero e agradável.
Na ESAD.CR, o foco do ambiente de ensino e aprendizagem é o aluno. Através de uma abordagem prática, desenvolvimento de projetos e materialização de conceitos, orientados pelo pensamento crítico, ecológico e humanístico. O modelo pedagógico único, conceptualmente sustentado, interdisciplinar, tecnologicamente adequado e criativo, prepara os alunos para as exigências do presente e do futuro.
Atualmente, o ESAD.CR possui cerca de 1.600 alunos, de 31 nacionalidades diferentes e mais de 130 professores, composto por profissionais experientes, reconhecidos internacionalmente nas mais variadas áreas criativas. O edifício principal da Escola foi desenhado e construído em torno de espaços de estúdio e oficinas, tratando-se de um projeto único no contexto da educação artística nacional. O campus desenvolve-se ao longo de quatro edifícios espaçosos e bem equipados, situados entre carvalhos e pinheiros. Os laboratórios e oficinas bem equipados permitem o acesso às mais variadas tecnologias, desde as tradicionais como Fotografia Analógica, Gravura, Serigrafia, Cerâmica e Vidro, Madeira ou Metal, até as mais atuais como Vídeo Digital e Fotografia, Som, Impressão Digital , Prototipagem e Impressão 3D ou Multimédia.
A ESAD.CR oferece cursos de licenciatura em Artes Plásticas, Design Industrial, Design de Produto – Cerâmica e Vidro, Design Gráfico e Multimédia, Design de Ambientes, Som e Imagem, Teatro e Programação e Produção Cultural. Esta oferta inclui os mestrados em Artes Plásticas, Design do Produto, Gestão Cultural, Design Gráfico e Design para a Saúde e Bem-Estar. Também oferece uma interessante variedade de cursos TeSP, nas áreas da prototipagem digital, produção gráfica, media digitais e audiovisual e multimédia.
A ESAD.CR está comprometida com a integração e o sucesso pessoal e profissional dos seus alunos nas áreas de artes, design e cultura. Para isso, investimos no desenvolvimento permanente de processos inovadores de ensino-aprendizagem e na qualificação de professores e de funcionários técnicos e administrativos.
Na ESAD.CR, a investigação aplicada desenvolve-se em articulação entre a Unidade de Investigação (LIDA) e os cursos de mestrado, num compromisso responsável com o desenvolvimento sustentável do território e das suas comunidades.
Manter uma posição de destaque implica ter capacidade para lidar com o mundo contemporâneo e as suas complexidades.
Saiba mais em: ipleiria.pt/esadcr
MANUEL DA BERNARDA - Arquiteto e industrial
Natural de Alcobaça, é indiscutivelmente uma das principais referencias da cerâmica artística contemporânea portuguesa. Enquanto criativo e industrial concretizou desde o início da sua carreira um percurso que seria precursor no que respeita à inovação e à experimentação aplicada ao desenvolvimento cerâmico.
Nascido no seio de uma família ligada ao sector desde 1900, proprietária da fábrica mais antiga de Alcobaça – a Raul da Bernarda & Filhos, Ld.ª – foi com naturalidade que seguiria a vocação familiar, afirmando, no entanto, uma via autónoma e muito pessoal. Forma-se em Arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa com o objetivo de obter conhecimento na área do design cujo princípio disciplinar aspirava aplicar à cerâmica.
Depois de concluir o curso, ingressa na fábrica da família onde fica encarregue da área criativa, concretizando as primeiras tentativas de rutura com a tendência conservadora da produção nacional. Durante esse período estabelece parcerias importantes com designers estrangeiros como a finlandesa Miria Toivola .
No início da década de 80, funda a sua própria fábrica, a Cerâmicas São Bernardo, onde cria um departamento de design impondo uma estratégia de conquista de novos mercados associando uma linha distintiva e contemporânea. Estabelece contacto com o designer sueco Ragnar Lundgreen que viria a ser determinante enquanto influência na sua orientação para o futuro.
Acaba por dar contributo direto ao criar peças da sua autoria com o devido reconhecimento internacional ao ser selecionado para a Bienal de Criação Contemporânea de Paris (1987) e para a itinerância de “L´Europe des Ceramistes” (1989).
Enquanto industrial promove eventos e intercâmbios relevantes como foram a organização do “Simpósio Internacional de Cerâmica – Alcobaça ‘87” ou as recorrentes residências artísticas no interior da sua fábrica – com grandes figuras internacionais como Alain e Jean Girel e muitos outros – com o objetivo subjacente de experimentar vias de produção ligando as técnicas tradicionais à criação artística.
Deu o seu contributo ao ensino como membro do Conselho Consultivo da Escola Superior das Artes e Design das Caldas da Rainha, tendo lecionado a cadeira de Projeto Cerâmico. Mantém hoje um papel muito ativo no que toca à defesa e promoção da cerâmica artística contemporânea cujo mérito lhe é amplamente reconhecido. Permanece como Diretor Criativo da fábrica que fundou.
PH - Grupo de Estudos Património Histórico
Atividades do PH sobre Cerâmica das Caldas
O Grupo de Estudos Património Histórico (PH) começou por funcionar como “unidade de produção cultural” da cooperativa “Casa da Cultura”, em 1990, tendo-se tornado uma associação autónoma, com sede na Capela de S. Sebastião, em janeiro de 1993. A ideia, que reuniu um grupo de jovens interessados na investigação histórica, partiu de João B. Serra e visou, mais do que a defesa do património, o seu estudo cuidado e rigoroso.
A primeira realização do PH esteve ligada à cerâmica e consistiu na exposição “50 Anos de Cerâmica Caldense. 1930-1980”, e respetivo catálogo, que esteve patente na Casa da Cultura entre julho e setembro de 1990.
Em 1991, foi editado o livro Arte e Indústria na Cerâmica Caldense (1853-1977), que reuniu um conjunto de artigos, de João B. Serra.
O ano de 1993 foi particularmente profícuo em atvidades relacionadas com a cerâmica: nasceu da mão do escultor José Aurélio o logótipo da associação, que deu origem ao múltiplo de arte em grês e metal, lançado no museu José Malhoa; foi editada a obra Paredes de Louça: Azulejos de Fachada das Caldas da Rainha, de Margarida Araújo e Joaquim António Silva, momento assinalado pela criação e oferta do azulejo “PH”, do ceramista Ferreira da Silva; decorreu a exposição “Cerâmicas de Eduardo Constantino”, na Capela de São Sebastião; foi inaugurada, em Óbidos, a exposição de fotografias e lançado o respetivo catálogo, Artes do fogo, sabedoria dos homens: uma olaria tradicional do concelho de Óbidos, de Eduardo Constantino e Joaquim António Silva.
A dinâmica criada culminou na realização, em parceria com o CENCAL, do “Colóquio sobre História da Cerâmica Moderna e Contemporânea”, em 1996, que reuniu no Museu José Malhoa dezenas de conferencistas, para além de grande quantidade de participantes. Nesse mesmo ano, a associação publicou o livro de Herculano Elias, Técnicas Tradicionais da Cerâmica das Caldas da Rainha.
Através da assinatura de um protocolo de cooperação com a autarquia, foi possível ocupar uma nova sede, um conjunto de três salas no edifício da USRL, para a qual o PH se mudou no início de 2015. No âmbito do programa “Caldas Cidade Cerâmica”, de que o PH é parceiro, a temática da cerâmica ressurgiu, tendo ocorrido as seguintes iniciativas entre 2016 e 2017: a organização da exposição “Animais na Cerâmica Caldense. Colecção de João Maria Ferreira”, no Museu da Cerâmica; a edição do livro Cerâmica das Caldas no século XX: Uma cronologia; a elaboração e edição do livro Ferreira da Silva: obra em Espaço Público, com coordenação de Isabel Xavier e fotografia de João Martins Pereira; a criação e manutenção dos trabalhos de recolha, digitalização e organização do “Centro de Estudos e Documentação de Cerâmica Contemporânea Ferreira da Silva”, alargado a outros ceramistas caldenses do século XX, que continua em curso.
Em outubro de 2017, a associação apresentou à DGPC um pedido de classificação da obra de Ferreira da Silva “As Quatro Estações”. Já em 2018, na sequência de pedido de esclarecimentos por parte da DGPC, foi enviada documentação adicional, alertando para a qualidade da obra e do seu autor, bem como para o estado de degradação em que a mesma se encontrava. Foi também enviado o livro Ferreira da Silva. Obra em Espaço Público.
Em março de 2020, chegou à sede do PH um conjunto de documentos da DGPC, entre os quais, e não obstante os pareceres favoráveis dos seus técnicos que destacavam a “autenticidade, originalidade, singularidade, exemplaridade da obra, o génio do respetivo criador”, se encontrava o despacho de 16.12.2019 com a decisão de arquivamento do pedido de classificação fundamentada “na proximidade temporal para a devida apreciação” da obra. De seguida, o PH contestou essa decisão, enviando uma carta à DGPC, acompanhada de vários pareceres de especialistas sobre o valor da obra, e do livro de João B. Serra, entretanto editado pela ESAD CR, Artista à Procura da sua História. Luís Ferreira da Silva.
Atualmente, prepara-se a edição de uma brochura com o resultado do trabalho de inventariação e investigação de azulejaria de fachada nas Caldas da Rainha, por Cláudia Emanuel, para além de prosseguirem outras linhas de investigação sobre a temática da cerâmica.
Saiba mais em: phcaldas.pt
SPCV - Sociedade Portuguesa de Cerâmica e Vidro
Após alguns encontros informais e troca de ideias entre pessoas ligadas aos sectores da cerâmica e do vidro em Portugal, foi no dia 12 de Abril de 1980, no antigo Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro, que teve lugar uma reunião que seria o ponto de partida à constituição da Sociedade Portuguesa de Cerâmica e Vidro.
A Sociedade Portuguesa de Cerâmica e Vidro, que abreviadamente adotou a sigla SPCV é uma associação portuguesa sem fins lucrativos que tem por objetivo promover a cerâmica e o vidro nos planos científico, tecnológico, artístico, didático e cultural.
Ao longo destas já quatro décadas de existência a SPCV tem trabalhado no sentido de congregar todos aqueles que de algum modo, se interessam pelo desenvolvimento das ciências de cerâmica e do vidro e áreas afins, estimulando a investigação e o ensino da cerâmica e do vidro em Portugal, promovendo congressos, seminários, colóquios, visitas estudo, cursos de formação e de reciclagem e outras ações de interesse técnico e científico, estabelecendo contactos com sociedades científicas nacionais e estrangeiras e filiar-se em sociedades e federações internacionais da sua especialidade, fazendo-se representar em congressos e outras reuniões científicas.
A SPCV é membro da Sociedade Europeia de Cerâmica (ECERS) desde 1988, sendo membro do seu Conselho Executivo Permanente desde 2017.
Em 2015 a SPCV criou o Prémio Faria Frasco, fazendo uma homenagem àquele que foi o seu primeiro presidente o Engenheiro Alberto Fernandes Faria Frasco. O Prémio, que também é monetário, tem por objetivo incentivar a produção de projetos originais de jovens investigadores, na área da Cerâmica e do Vidro, e destina-se a galardoar um trabalho inédito, desenvolvido em território nacional, de caracter tecnológico ou científico cuja aplicação industrial seja promissora e que não tenha sido premiado em nenhum outro concurso.
Saiba mais em: spcv.org.pt
Mestre Manuel Cargaleiro
Manuel Cargaleiro é um dos pintores e ceramistas portugueses vivo mais consagrado, que nasceu em Chão de Servas (Vila Velha de Ródão) em 16 de Março de 1927.
Realizou os seus estudos em Lisboa onde frequentou a Escola Superior de Belas Artes.
Há 77 anos que teve a primeira experiência com a cerâmica na Olaria de José Trindade (Monte da Caparica), tendo participado no primeiro Salão de Cerâmica do SNI em 1949, ano em que começou a sua colaboração com a Fábrica Viúva Lamego.
Em 1954 realiza uma exposição na Galeria de Março, em Lisboa, onde lhe é atribuído o Prémio Nacional de Cerâmica e inicia funções como professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio em 1954 durante 4 anos.
Logo em 1957 é-lhe atribuída também uma bolsa pelo Governo Italiano através do Instituto de Alta Cultura daquele país, visitando assim aquele país e estudando a técnica de cerâmica em Faenza, Roma e Florença.
Em 1957, recebe uma bolsa do governo italiano, por intermédio do “Instituto de Alta Cultura”, que lhe permite visitar Itália e estudar a arte da cerâmica naquele país. É neste ano que fixa residência definitiva em Paris, onde vive atualmente.
Em 1958, torna-se um dos primeiros bolseiros da “Fundação Calouste Gulbenkian”, com a realização de estágio na “Faïencerie de Gien”. Participa no “XVI Concorso nazionale della ceramica: Faenza no Museo Internazionale delle Ceramiche in Faenza” (MIC).
Nas décadas seguintes participa em inúmeras exposições individuais e coletivas, em diversos países, designadamente França, Brasil, Japão, Alemanha, Itália, Angola, Moçambique, Espanha, Venezuela, Suíça e Bélgica.
No ano de 1995 executa painéis de azulejos em diversos locais públicos em Portugal, como também para a estação de metro “Champs-Élysées – Clemenceau”, em Paris. Em 1999, é-lhe atribuído o primeiro prémio do concurso internacional “Viaggio attraverso la Ceramica”, em Vietri sul Mare, na província de Salerno, colocando-o como grande referência artística em Itália tendo em 2004 inaugurado o “Museo Artistico Industriale di Ceramica Manuel Cargaleiro”, que no ano de 2015 se instala em Ravello, como “Fondazione Museo Manuel Cargaleiro”.
No ano seguinte é inaugurado o “Museu Cargaleiro” em Castelo Branco, que em 2011 é ampliado para acolher e expor toda a Coleção da Fundação Manuel Cargaleiro.
Em 17 de junho apresentou com o Arquiteto Álvaro Siza Vieira a exposição inaugural “A Essência da Forma”, na “Oficina de Artes Manuel Cargaleiro”, projeto arquitetónico da autoria do Arquiteto Siza Vieira no Seixal.
Em 22 de Julho de 2022 recebeu na Universidade da Beira Interior, o título de doutor “Honoris Causa”. Emocionado e reconhecido pela distinção, Manuel Cargaleiro assegurou que esta distinção “tem um significado único”. O mestre sublinha que “esta homenagem é o máximo que eu podia receber na minha vida. Felizmente que ela chegou aos 95 anos. Tem uma importância enorme pelo significado que tem, porque eu nasci na Beira Baixa. Eu sou de cá”.
Em 14 de novembro de 2022 Mestre Manuel Cargaleiro foi também distinguido com a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa. A atribuição da medalha, aprovada por unanimidade pelo executivo municipal, distinguiu “um homem que guia a sua vida pela simplicidade e a autenticidade”, sublinhou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. “Mestre de artes, embaixador da nossa cultura e inspirador de prosas, Manuel Cargaleiro está sempre presente na vida dos lisboetas que admiram as suas obras, quando visitam galerias, museus e mesmo quando viajam de Metropolitano e passam na estação do Colégio Militar.”