MAFRA

Integrado ao norte da Área Metropolitana de Lisboa, o Município de Mafra ocupa uma área de 291 km2, beneficiando do seu posicionamento estratégico junto à orla costeira atlântica e da sua proximidade à Capital, com uma população de mais de 83 mil residentes, o Concelho de Mafra é um polo demográfico atrativo, verificando-se o aumento populacional e dos movimentos pendulares.

Mafra continua a ser ponto de reunião e polo de atração no contexto nacional e internacional: de um lado, a ligação à Estremadura; do outro, a ligação a Lisboa, Sintra e Cascais. Na charneira das rotas comerciais de uma região rica e diversificada, o Município de Mafra ganha, no presente, uma nova dimensão e centralidade, permitindo o desenvolvimento de um tecido empresarial vivo e dinâmico, aliando tradição e modernidade.

A identidade da região mafrense não pode ser dissociada da indústria oleira, que, pela sua implantação e proeminência, impõe, ainda hoje, a sua presença como uma das marcas que maior distinção confere ao concelho e se afirma como um dos centros oleiros de remonta no panorama nacional.

A existência da indústria oleira em Mafra no território que constitui o Município de Mafra remonta a tempos imemoriais, o que é evidente em achados arqueológicos que datam do Neolítico, bem como em documentos históricos, os quais demonstram que o ofício do oleiro já era reconhecido nas suas Carta de Foro (1189) e no Foral Novo (1513).

A construção do Real Edifício de Mafra – Palácio, Convento, Basílica, Jardim do Cerco e Tapada, recentemente inscrito, em 2019, na Lista do Património Mundial, uma das obras mais exuberantes de todo o Barroco, terá trazido até à vila milhares de trabalhadores e artesãos, vindos de outras partes do país e do estrangeiro, entre os quais se encontravam oleiros. No seguimento desta edificação, é de referir a implantação da Escola de Escultura de Mafra e a eminente obra de Machado de Castro, que hipoteticamente poderá ter influenciado as representações dos barristas populares.

Nos últimos dois séculos a olaria mafrense assumiu enorme proeminência, fazendo sentir a presença das suas reputadas loiças para além das fronteiras concelhias, estabelecendo importantes ligações comerciais com outras regiões. Na última centúria, estas suas loiças já tinham vasta distribuição geográfica, sendo levadas de porta em porta ou vendidas nos mercados e feiras do centro do país.

Perante o advento da modernidade, que se começou a fazer sentir no segundo quartel do séc. XX, foi possível a esta indústria assegurar a sua sobrevivência até aos nossos dias, ajustando-se aos tempos e às tendências de mercado, embora mantendo a sua essência de uma indústria tradicional, em muitos casos de natureza familiar.

Atualmente, a indústria cerâmica concelhia é caracterizada por duas vertentes distintas e que se complementam, designadamente a olaria tradicional, ainda com caraterísticas artesanais e a produção de figurado de barro, cujo percursor foi o Mestre José Franco, aclamado um dos maiores barristas populares do séc. XX.

Presentemente, grande parte da produção oleira é decorativa, tem vindo a alcançar mercados cada vez mais distantes, nomeadamente internacionais, ainda que a loiça utilitária em barro continue a seja produzida, moldada às novas tendências do mercado.

A cerâmica mafrense, apesar das novas conjunturas geradas pelos processos da globalização, tem conseguido afirmar a sua identidade e hoje, desempenha ainda um papel de relevo no património cultural concelhio. Porém, o seu maior desafio reside na continuidade desta indústria, nomeadamente na formação das gerações vindouras.

Hugo Moreira Luís

Hugo Moreira Luís

Presidente da Câmara Municipal de Mafra

Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Mafra

A olaria é um dos legados culturais mais emblemáticos do Concelho de Mafra e uma das marcas identitárias que maior distinção conferem ao nosso território, afirmando-o como um dos principais centros oleiros do país.

A construção do Real Edifício de Mafra — hoje classificado como Património Mundial da UNESCO — atraiu às terras saloias inúmeros artesãos, vindos de várias regiões de Portugal e do estrangeiro, que influenciaram de forma decisiva a produção oleira local e a expressão artística dos barristas populares nas décadas seguintes.

Já no século XX, nomes como Manuel Mafra e José Franco perpetuaram essa herança, deixando um legado cultural e artístico de grande valor, que continua a inspirar gerações.

Atualmente, a olaria tradicional permanece um pilar fundamental do nosso património cultural.

O desafio maior reside em fortalecer a ligação entre as novas gerações e a história local, promovendo a criação artística e impulsionando a sustentabilidade desta indústria criativa.

 

O Presidente da Câmara Municipal de Mafra
Hugo Moreira Luís

Representantes da APTCVC

Vereador António José Felgueiras_Mafra

Vereador José António Felgueiras, CM de Mafra

Presidente da Mesa da Assembleia Geral