ALBERGARIA-A-VELHA
No Concelho de Albergaria-a-Velha, a existência de cerâmica é documentada arqueologicamente, pelo menos, desde há cerca de 5.000 anos, época a que remontam os primeiros achados cerâmicos ocorridos nas Mamoas do Taco em Albergaria-a-Velha, mas também no Monte de São Julião na Branca.
Mais recentes, são as sepulturas do período romano do século II encontradas em São João de Loure, as quais apresentam cerâmica na sua cobertura, para além de fragmentos de ânforas, lucernas e terra sigillata, bem como vestígios de um povoado da mesma época em Cristelo – Branca.
No início dos anos 60, século XIX, foram recenseados, em todo o Distrito de Aveiro, 62 fornos de telha e tijolo, dos quais 22 se situavam no Concelho de Albergaria-a-Velha: 15 fornos na freguesia de Alquerubim, 5 fornos na freguesia de Albergaria-a-Velha e 2 fornos na freguesia de Ribeira de Fráguas.
A cerâmica viria aqui a ter alguma notoriedade com o surgimento da Fábrica de Olaria da Biscaia, situada na “Quinta da Biscaia”, com atividade pelo menos desde 1890.
Em 1905, o panorama da indústria cerâmica no Concelho de Albergaria-a-Velha era um pouco mais diversificado, desenvolvendo-se nas freguesias de Albergaria-a-Velha, Alquerubim, Angeja e Ribeira de Fráguas.
Para além de cerâmica para uso doméstico, esta unidade industrial de pequena dimensão, viria mais tarde também a produzir cerâmica decorativa, nomeadamente azulejaria que se encontra espalhada por toda a região.
Em 1907 havia o registo de duas olarias no concelho: Fábrica de Olaria da Biscaia, em Albergaria-a-Velha (com atividade pelo menos desde 1890) e Fábrica de Olaria da Barca, em Angeja (com atividade desde a transição do século XIX para o século XX).
Em 1918 começa a laborar a Empresa Industrial do Vouga, produzindo essencialmente cerâmica de construção: telhas e tijolos de diversos modelos.
Esta empresa veio a ser adquirida em 1923, a Empresa Cerâmica do Fôjo, de Vila Nova de Gaia, por
250.000$00, que depois passaria a designar-se por Fábrica de Cerâmica da Branca.
Entre 1918 e 1920 nascem três empresas de cerâmica de construção, duas destas empresas têm características tipicamente oficinais. Em julho de 1920 é constituída uma sociedade sob a firma Silva, Bastos & Companhia, com sede no lugar de Telhadela, Ribeira de Fráguas, que tinha por objeto social “fabrico de tijolos e telha e a sua venda por junto e a retalho” e em maio de 1923, da mesma natureza, é criada a de José Nogueira Vidal, denominada “Progresso Albergariense” em Albergaria-a-Velha com um objeto social diferente: o fabrico de mosaico.
Atualmente, no Concelho de Albergaria-a-Velha, existem algumas empresas ligadas ao ramo da cerâmica, bem como alguns artistas de cerâmica artística, destacando-se a pintura azulejar artesanal.
António Loureiro
Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha
Mensagem do Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha
A existência de alguns topónimos como Rego da Telha, Forno da Telha, Barreiro, Barreiros, Barro, Casa do Barro, Lomba do Barro Negro, em algumas freguesias do Concelho, remete-nos para a existência e relevo da atividade cerâmica naqueles lugares.
Tudo isto leva-nos a voltar a dar atenção à História, à Cultura e ao Património.
O Município de Albergaria-a-Velha, com tradição na área da cerâmica e interesse na valorização do seu Património Azulejar, com destaque para os elementos decorativos de Arte Nova, procedeu a um levantamento de imóveis (1654) com um vasto conjunto patrimonial a preservar, valorizar e promover.
Estamos certos que a integração do Município de Albergaria-a-Velha à Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica (APTCVC) será o melhor caminho a seguir.
Todas as ações que possam contribuir para o reforço da identidade cultural e preservação da memória coletiva, que de alguma forma resgatem essa riqueza e ampliem a defesa, preservação e promoção do Património Cultural associado à atividade cerâmica, são de uma enorme importância.
António Loureiro
Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha